Retrospectiva
Não tem dado muito bom resultado pensar na minha vida.
Ponho-me a pensar em tudo, num instante faço
uma viagem alucinante pelos meus últimos cinco anos.
Tenho saudades de algumas coisas, principalmente de algumas pessoas que perdi.
Sinto falta dos meus rituais que me faziam sentir viva e capaz de aproveitar a vida.
Questiono-me acerca da vivacidade que se transformou em algo mais calmo, não tão impulsivo.
Assisto à possibilidade de mudanças repentinas,
que procuro continuamente mas, que me trazem medo como acréscimo.
Medo daquilo que não conheço, daquilo que poderá ser,
das consequências das minhas decisões, tomadas por vezes no próprio instante.
Até que ponto me consigo identificar nesta roda viva entre a tendência do comodismo
e conformismo de uma vida regular e uma vontade enorme de procurar sempre algo novo,
que me faça sentir que aprendi mais um pouco, que cresci mais um pouco.
Tenho certezas de algumas coisas.
No entanto, é tudo tão vulnerável às transformações das minhas decisões que fico receosa.
Espero sempre que aja evolução mas quando chega à hora
e me deparo com a mudança preciso de parar.
Assusto-me por vezes com o resultado e Receio o que ainda está para vir.
Recordo o que fui, sinto-me grata por todas as recordações que guardo.
Contudo também tenho momentos em que apenas gostava de presenciar aquilo que vivi,
aquilo que senti. Ao longo do tempo, vou ganhando a consciência
de que há coisas que só se vivem uma vez na vida
e mesmo que tenhamos a oportunidade de vivê-las mais uma vez,
passar pela experiência de novo, nada é igual.
Os sentimentos mudam, as pessoas tornam-se diferentes
e aqueles que julgámos eternos ontem hoje já não o são.
E é tudo isto que, por vezes, me faz pensar na vida, de modo a não me deixar a ir a baixo
e apenas esperar que as opções tomadas sejam as mais correctas.