Cada instante conta...!
Nunca sabemos quando tudo realmente acaba.
O beijo roubado que te fez voltar a suspirar para casa
ou cantando baixinho no autocarro pode ter sido o último.
Aquela noite de amor inesquecível talvez não se repita mais.
O abraço do amigo, a viagem a Cascais para ver o mar,
a brincadeira com o filhote, o jantar em família,
o serrão de leitura em frente á lareira,
o passeio até ao parque para andar de bicicleta,
o banho na tão adorada piscina, o pedaço de bolo de Mármore com leitinho...
De uma hora para outra, aleatoriamente,
perdemos a chance de repetir os nossos melhores momentos,
e ficam apenas fragmentos, fantasmas guardados no que chamamos de memória.
Não dói a ausência. Dói isso que fica.
Esse processo penoso que chamamos de luto não é falta, é presença.
A cicatriz, a fractura, é esse vulto, essa imagem difusa que não nos deixa,
a permanência do que não existe mais.
Somos a soma dos nossos encontros durante a existência,
e alguns deles são feridas que nunca cicatrizam.
Só o que é intenso deixa marcas, só o inesquecível rasga a carne.
E não adianta fugir do outro, não adianta esconder-se.
A única alternativa viável para permanecer intacto é continuar em frente e viver.
Sendo assim manda-te de cabeça, caí, magoa-te e volta a erguer-te.
E tem orgulho em cada uma dessas marcas.
