O Talvez
Sinto que o caminho até agora percorrido foi bastante longo.
Sorri muito, chorei muito, sofri muito, errei e aprendi.
Ainda tenho muito a percorrer, mas o caminho já está a ficar demasiado banal.
Há uma certa falta de confiança. Um desleixo em querer continuar.
O mesmo caminho que me viu crescer parece agora tornar-se demasiado monótono.
Acontece sempre o mesmo. E o momento no qual me encontro é sofrido.
Tal como tem acontecido na minha caminhada desde algum tempo atrás.
Há recordações que tornam os pés pesados. Fazem-me sentir presa.
Presa a algo que merece uma coisa diferente. É preciso mudar.
Este já não é o meu caminho. As recordações que guardo começam a ser demasiado dolorosas.
Fazem com que lágrimas se derramem. Com que o coração aperte, sufoque.
As mãos tremem e não agarram a realidade. Os pés são arrastados.
Não possuo a ambição de outrora. Vários foram os trilhos e atalhos que me apareceram pela frente.
E eu, eu fui fraca demais. Temia o desconhecido. Por isso nunca me atrevi a enfrentar.
Deixei-me levar sempre pelo seguro. O seguro que agora não me faz bem.
Que me deixa triste e apática. Que me fez ter um sentimento revoltoso.
O arrependimento. De ter perdido certas oportunidades.
Que me faz pensar que haveria certas coisas que podiam ter sido diferentes.
É tarde demais para isso que deixei no passado. Mas há sempre uma volta que poderá ser dada.
Talvez eu me meta por caminhos desconhecidos até então, e me deixe perder.
Talvez num deles haja aquilo que preciso para que realmente seja feliz. Descobrir-me outra vez.
Talvez o destino tenha escrito isso mesmo. O momento é o agora.
E eu não quero perder mais tempo. Não quero ter mais arrependimentos.
Quero fazer, descobrir, errar novamente, realizar…
e ter a certeza de que não há possibilidade para o arrependimento.